É tempo de diálogos no terceiro maior entreposto de alimentos do mundo. A nova diretoria da  Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) manteve na semana passada uma agenda de encontros com setores locais da sociedade na Leopoldina, onde está a sua sede, e também com representantes da FAO, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) no setor de agricultura e alimentação.

Regionalmente, o Departamento do Entreposto da Capital (Depec) recebeu o presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Vila Leopoldina (Conseg), Roberto Bortoni. O objetivo do encontro, do qual participaram também representantes da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), foi formar um Grupo de Trabalho para solucionar problemas como buzinaço de caminhões nas madrugadas.

Outra agenda local foi a reunião do diretor do Departamento Operacional, José Lourenço Pechtoll, com o Fórum Social Leopoldina. A pauta foi centrada em dois temas: segurança alimentar em áreas de vulnerabilidade e a situação da população de rua na Avenida Gastão Vidigal. Ficou acertado que o Fórum encaminhará a Pechtoll um memorando com sugestões para atuação colaborativa com a Ceagesp.

Por fim, Jamil Yatim, diretor-presidente da empresa estatal, recebeu  representantes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), que apresentaram as linhas gerais de projetos de apoio com  mercados atacadistas de alimentos na América Latina e no Caribe.

O processo participativo na elaboração do orçamento da Prefeitura para o próximo ano já está em andamento. Na terça-feira,3, a Secretária Municipal de Finanças  realizou audiência pública para ouvir e recolher,  na sede da Subprefeitura Lapa, demandas de moradores da região.

Ao final das etapas  participativas, em junho,  cinco propostas regionais serão selecionadas e, posteriormente, encaminhadas para análise final dos técnicos da secretaria, que se encarregarão de colocá-las ou não no Projeto de Lei do Orçamento a ser encaminhado para debate e votação na Câmara Municipal.

Com público reduzido, cerca de 20 pessoas, a audiência fez surgir antigas e novas demandas. O ex-subptefeito da Lapa, Adaucto Durigan, por exemplo, defendeu investimentos na construção de UBS  na Rua Sepetiba e na reabertura do Hospital Sorocabana, fechado em 2010. “Sabemos que reabrir o hospital depende da doação  do imóvel da Rua Faustolo, na Vila Romana, do Estado para o Município, algo inexplicavelmente parado no gabinete da Procuradora Geral Estadual. Por isso é importante aproveitar o debate do orçamento e colocar em pauta essa bandeira histórica do povo da Lapa e região”, explicou.

Outra proposta bem antiga que foi levantada no debate é a concretização do Parque Orlando Villas Boas no terreno da ex-Usina de Compostagem da Vila Leopoldina, criado por lei em 2008 e jamais implantado.

Assunto mais atual e que cada vez mais ganha espaço  nos debates participativos, a mobilidade, também gerou demanda, com a apresentação de proposta para investimento num projeto que já conta com sinalização positiva da  Companhia de Engenharia de Tráfego (CET): o Caminho Seguro das Crianças, centrado no programa Rota Escolar Segura da Prefeitura, que vida reduzir acidentes de trânsito envolvendo crianças e adolescentes.

Na quarta-feira, 4, o novo subprefeito da Lapa, Ismar Marcílio de Freitas Neto, se apresentou à população durante evento, na sede da subprefeitura, para discutir a destinação do orçamento de 2024.

A seguir, destacamos os principais trecho abordados em sua apresentação:

Gestão longa

“Sei que as últimas gestões da Subprefeitura Lapa foram curtas. Tivemos quatro subprefeitos em apenas dois anos e, com certeza, esses mandatos interrompidos não são bons para o desenvolvimento dos trabalhos. Sei, também, que houve muitas críticas em relação a isso. Mas eu estou aqui com o apoio integral do prefeito Ricardo Nunes e vim para fazer uma gestão longa. Podem acreditar: não estou aqui para tapar buraco, mas para ficar e fazer um bom trabalho”.

Zeladoria

“Nestes poucos dias em que estou no cargo já consegui fazer uma vistoria pela região e descobri pontos que não estão satisfatórios, como a zeladoria. O corte de grama, por exemplo, está bastante atrasado. Meu compromisso será fiscalizar e cobrar para que esse serviço seja eficiente. Também verifiquei a grande quantidade de moradores de rua, especialmente na região da CEAGESP. A prefeitura oferece mais de 20 mil vagas para acolhimento dessas pessoas, mas muitas não aceitam. Queremos melhorar a vida da população mais vulnerável e vamos fazer isso de forma pacífica, com calma e muito diálogo. Será algo gradativo, mas esperamos ter êxito”.

Diálogo aberto

“Quero estabelecer uma gestão transparente e um diálogo aberto com toda a população. Não estou aqui para ficar fechado dentro de quatro paredes. Quem me procurar, vai encontrar sempre as portas não apenas abertas, mas escancaradas, pois acredito que a gestão deve ser feita com o apoio da população e de todas as entidades representativas da região”.

O advogado Ismar Marcílio de Freitas Neto, que atuava  como Diretor Técnico da Secretaria de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, assume agora a Subprefeitura Lapa, no lugar do coronel Marcus Vinícius Valério. Após pouco mais de sete meses no comando da Lapa, Valério será deslocado para a Subprefeitura Mooca.

Nos bastidores, comenta-se que a indicação de Freitas Neto vem do gabinete do vereador Rubinho Nunes (UNIÃO). Com a troca, a Lapa tem o quarto gestor num período de apenas dois anos. Em agosto do ano passado, Valério assumiu o posto na região após vir a público o escândalo envolvendo a subprefeita à época, Fernanda Galdino, acusada de corrupção. Antes de Fernanda, Caio Vinícius Luz ficou no cargo menos de 100 dias.

Como forma de reinserir moradores de rua no mercado de trabalho, o Centro de Acolhida Zancone, localizado na Vila Leopoldina, tem uma parceria firmada com o SENAC para oferecer cursos profissionalizantes aos ‘conviventes’ que utilizam o local. No ano passado, três turmas foram formadas: uma em Jardinagem, outra em Portaria e Vigilância e uma última em Reposição de Produtos. No início deste ano, novas vagas foram abertas para a formação de porteiros e vigilantes.

Os cursos, com duração de cerca de 180 horas, são dados na própria sede do Zancone. Para isso, explica a gerente Rosana Amaral, foi realizada uma reforma na infraestrutura do albergue, que ganhou uma sala especialmente destinada às aulas. “Toda essa mudança deu bastante trabalho, mas valeu a pena, pois a formação  de excelência oferecida pelo SENAC dá a chance a essas pessoas de serem protagonistas de sua própria história, ganhando uma nova perspectiva de vida”, ressalta.

Com diploma na mão, alguns participantes até já conseguiram colocação no mercado. “Isso porque o próprio SENAC encaminha os currículos para as vagas disponíveis”, explica Rosana. José Antonio Abdalla, de 60 anos, que frequenta o Zancone há 10 meses após deixar o sistema prisional, é um dos que encontrou trabalho. “Aqui fui muito bem acolhido e tive a oportunidade de refazer minha vida”, afirma. “Quando soube dos cursos, logo me inscrevi no de Jardinagem e hoje já faço trabalhos em terminais de ônibus da Zona Sul”, conta ele, que agora faz parte da segunda turma do curso de portaria e vigilância.

Administrado pelo Instituto Rogacionista, o Centro de Acolhida Zancone atende homens em situação de rua vindos de várias regiões da cidade. Hoje, cerca de 100 conviventes residem no local, 50 utilizam serviços de lavagem de roupa, banho e almoço e 20 utilizam de modo temporário o serviço de banho e pernoite. Lá, eles também recebem acompanhamento psicossocial e participam de diversas atividades artísticas, além de palestras, saraus e passeios a parques, museus e cinemas. “Ao mesmo tempo que estipulamos regras rígidas, procuramos dar um atendimento carinhoso, que realmente motive a uma mudança de atitude”, explica a gerente.