Sesc Pompeia traz o monólogo “Cícera”

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Foto: Divulgação

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Peça conta a história de uma nordestina batalhadora, que tenta a sorte na cidade grande

Na mala, a alagoana Cícera traz um punhado de farinha, quatro filhas e o sonho de uma vida melhor. Em São Paulo, encontra dureza, concreto, fome e saudade. A trajetória de uma mulher nordestina afro-indígena, que sai de sua terra em busca de novas oportunidades na cidade grande, é a proposta desse monólogo, apresentado pelo grupo Contadores de Mentira, em cartaz até 28 de março no Sesc Pompeia. As apresentações acontecem de terça a sexta-feira, sempre às 20h30, no Espaço Cênico da unidade. As quartas-feiras acontecem sessões especiais com intérprete de Libras.

“Cícera” é a história de uma mulher, mas é o retrato da vida de centenas de mulheres retirantes que deixam suas raízes na busca de igualdade social. A anciã, a jovem, a desbravadora, a mãe, a trabalhadora, a que luta por seus direitos. Todas são Cíceras. A obra propõe um olhar sobre o analfabetismo, a exploração, a fome, o desemprego, e a desigualdade. Realidade de boa parte das mulheres e homens que migram do nordeste do país para as grandes capitais do Sudeste. A personagem apresenta uma mulher nordestina crítica ao seu tempo, que sabe de suas lutas, e que não se resigna com retrocessos. Relatos, canções e áudios de senhoras de Alagoas colaboram para o entrelaçamento dos temas e reflexões propostos.

O espetáculo é o primeiro monólogo do grupo Contadores de Mentira, que nasceu na cidade de Suzano em 1995. Seus integrantes atuam em rede, com conexões em vários países. O grupo desenvolve pesquisa e possui identidade na Antropologia, História, Política e Sociedade. É um grupo militante que há anos descobriu que era necessário se organizar em coletivos, em redes, em fóruns, na luta por condições de trabalho aos fazedores de cultura. Entre seus trabalhos, destacam-se Curra – Temperos sobre Medéia, de 2008; O Incrível Homem pelo Avesso, de 2011; Coma-me – O Estado de Revolta, de 2016; e Adiós Paraguay, de 2019.

Atravessado pela cultura popular brasileira, “Cícera” se apoia nas tradições populares de Alagoas do “Guerreiro” e dos “Cantos de Trabalho”, tradições que aos poucos se tornam mais distantes do nosso presente. “É uma obra de evocação da terra, das estrelas, dos filhos mortos, do aprender as primeiras palavras, da fome, de virar onça, de virar cabocla de pena, de virar espírito e virar vulto”, diz o diretor Cleiton Pereira.

Os ingressos custam R$ 40,00 e o Sesc Pompeia fica na Rua Clélia, 93 – Água Branca.

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