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Bloco da Pompéia|festeja centenário

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Tradicionais instrumentistas da Banda do Peru comandam o bloco durante a folia

A 4ª edição do “Bloco Passaram a Mão na
Pompeia” sai pelas ruas do bairro no próximo sábado, 6, a partir das
13h. O aquecimento será no mesmo local dos anos anteriores, em frente
ao Bar Santa Zoé, na Rua Cotoxó, 522.
Esse ano o bloco passa pelos Bares Valge, Olivo, Botequim e
Desembargador (patrocinadores do bloco), percorrendo as Ruas Cotoxó,
Ministro Ferreira Alves, Caraíbas e Desembargador do Vale.
O idealizador, Ricardo Zambo, explica que se trata de um bloco de rua
comandado pelos tradicionais instrumentistas da Banda do Peru,
originários do Largo de São Francisco. “Será um verdadeiro encontro de
gerações ligado ao resgate das tradicionais marchinhas de carnaval com
passeio pelo bairro”.
Quem quiser pode comprar a camiseta do bloco por R$ 25,00, no Centro
Cultural Pompeia (telefone 3875-2996) ou com Ricardo (celular
8326-5007). “Não é obrigatória a compra da camiseta para participar, é
apenas uma recordação”, avisa Zambo.
A folia tem o apoio do Centro Cultural Pompeia (CCP), Jornal da Gente,
Guia Daqui e Daqui TV. “O desfile do bloco marca no início das
comemorações do centenário da Pompeia”, afirma Cleber Falcão do CCP.

Chuva traz prejuízos|e morte na região

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Ceagesp teve as operações interrompidas às 3h da madrugada de quinta-feira devido à inundação provoc

A chuva que caiu na madrugada
de quinta-feira deixou saldo negativo na área da Subprefeitura da Lapa.
Segundo o coordenador Distrital de Defesa Civil da Subprefeitura da
Lapa, Nelson Masahiro Suguieda, foram registrados dois desabamentos, um
deles na Rua Rifaina, 578, na Vila Anglo Brasileira, onde o morador
Artur Orlando De Fazzio, de 75 anos, morreu. As paredes da casa de
Fazzio não resistiram à tempestade e desabaram por volta das 2h da
madrugada. Também foram registrados dois deslizamentos de terra, um na
Avenida Sumaré com a Ministro Godói e outro na Rua Bicudo Cortez (Vila
Anglo Brasileira). “Ali choveu cerca de 120 mm enquanto o resto da
região registrou 113”, afirma o coordenador.
A equipe de Suguieda também registrou vários pontos de alagamento na
Vila Leopoldina, Lapa, Lapa de Baixo, Jaguaré e Pompeia além de três
quedas de muro, na Rua Apinagés (1930), Rua Aurélia (1695) e na quadra
da Escola de Samba Águia de Ouro, localizada nos baixos do Viaduto
Pompeia.

Prejuízos
A quadra da Águia de Ouro foi invadida pela enchente que arrebentou as
portas e derrubou o muro que dá fundos para a linha férrea. O nível da
água chegou a dois metros de altura e carregou mesas, cadeiras,
adereços e as geladeiras do bar. Segundo Denise Maria de Carvalho, a
sorte foi que as fantasias piloto estavam no palco e as do desfile
desse ano estavam na casa de cada um dos integrantes da escola. “As
fantasias levadas pela chuva são as do ano passado que estavam no
barracão para doação à outras escolas (menores). A cachorra Preta Gil
que fica na quadra conseguiu se salvar dentro de uma geladeira velha
usada como armário, na cozinha.
As operações da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(Ceagesp) foram interrompidas às 3h da madrugada da quinta-feira (21)
devido à inundação causada pelo transbordamento do Rio Pinheiros, que
atingiu 90% das ruas do Entreposto. As operações da Ceagesp foram
retomadas no mesmo dia, às 16h30. Os prejuízos chegam a R$ 15,5 milhões.
A Prefeitura reforçou as equipes para amenizar os efeitos das enchentes
e o governador José Serra promete intervir junto ao Governo Federal
para construção de um sistema de drenagem na região da Ceagesp. De
acordo com o coordenador da Defesa Civil na Lapa, há tendência de chuva
forte para o final de semana. O telefone da Defesa Civil na Lapa é o
3396-7524 ou 3396-7584 (24h por dia).

Dona Maria Amélia:|da dor ao amor

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Dona Maria Amélia

Ela é um exemplo de vida:
aos 83 anos, ainda trabalha na Secretaria Estadual de Assistência e
Desenvolvimento Social do Governo de São Paulo. Dona Maria Amélia
Vampré Xavier fala inglês, espanhol e francês fluentemente, trabalhou
como secretária bilíngue e foi, por muitos anos, membro atuante da
APAE, como consultora para assuntos internacionais. Ela mora em
Perdizes desde que se casou, no mesmo endereço, com marido e o filho
Ricardo, que tem Síndrome de Down. Numa manhã quente e ensolarada, ela
nos deu essa preciosa e simpática entrevista, que você acompanha agora.
Ao longo de quase uma hora de conversa, Dona Maria Amélia demonstrou
uma memória impressionante e uma energia que só encontramos raramente,
seja física ou moral.

Aos 83 anos, a senhora ainda está trabalhando?
Trabalho,
sim. Fui convidada pelo Sr. Amato, da Fiesp. Eu fui secretária do Dr.
Rogério Amato por três anos. E em 2006 ele pediu ao Governador Serra
que autorizasse a me contratar.

O que faz na Secretaria?
Sou
assessora do Gabinete do Estado. Trabalho com a Secretária Estadual
Rita Passos, que é deputada estadual. Ela criou um tipo de hospital-dia
para quem tem pessoas idosas e precisam sair para trabalhar. E ela
pretende fazer isso no projeto de Futuridade. Tem o projeto de moradia,
que se chama Vida com Dignidade, que prevê até a construção de uma casa
totalmente adaptada pessoas com mais idade.

A senhora é formada em quê?
Em
Letras, pelo Mackenzie. Eu era secretária bilíngue. Com o fim de
guerra, em 1945, com o desemprego, veio o desafio e foi muito bom para
uma menina como eu, pelo fato de eu saber inglês, que aprendi no
Mackenzie e ainda tinha professora particular.

Um de seus filhos é excepcional?
Sim, o mais velho, Ricardo. Hoje ele tem 56 anos.

Vem daí seu envolvimento com a APAE?
Sim,
fundamos a APAE de São Paulo, em 1960. Era um pequeno grupo de 10, 12
pessoas. Nós tínhamos filhos com problemas. Meu filho tinha de 3, 4
anos quando fundamos. Estávamos comprometidos, mas não sabíamos nada de
nada, não tínhamos a menor ideia, o que fazer com as sequelas… eles
tinham mil problemas devido à Síndrome de Down. Era muito complicado.
Vários médicos eram muito cheios de si e não davam confiança nem
assistência para a família. Hoje, tudo mudou porque a Organização
Mundial de Saúde declara que os pais são os maiores envolvidos e
esclarecidos. Somos os únicos que ficamos dia e noite, ficamos a nossa
vida inteira lidando com os nossos filhos.

E como foi a fundação da APAE?
Foi
uma época complicada. Fiz parte da primeira diretoria da APAE. Não
tínhamos sede. Nos reuniamos na minha casa, depois outra semana era na
casa de Ruth e Gilberto da Silva Telles, outra no Paraíso onde morava a
vice-presidente… No final de 1961, concluímos que era necessário ter
uma sede e aí alugamos uma casa perto da Igreja de Nossa Senhora do
Carmo. E já foi difícil porque meu marido, que era secretário geral da
APAE na época, foi ver se podia alugar aquilo, mas não conseguimos
porque acharam que nosso negócio era um risco. Aí, o marido da
vice-presidente, que era médico, falou que seria o fiador da APAE e
resolveu tudo. Sempre foi assim, muito difícil, mas todos tínhamos
interesse.

Naquela época era mais um tratamento para as crianças, não tinha a inclusão social que se tem hoje?
Sim.
Nós tínhamos uma amiga que se chamava Dra. Lilia Pereira. Ela era uma
pessoa que gostava da causa, era psicóloga no Rio de Janeiro e
trabalhava na Sociedade Pestalozzi. Ela gostava de ajudar porque não
era casada, nem tinha filhos e viajava pela Europa. Ela sabia que na
Dinamarca tinha tido um grande progresso sobre esse tipo de trabalho.
Ela trazia informações e dizia ‘vocês têm que se informar mais,
comunicar-se com eles’. Como eu era secretária bilíngue, nossa
presidente me deixou encarregada disso.

A senhora recebia documentos, traduzia e tentava implantar aqui?
Sim,
eu passei a fazer contatos com universidades americanas, com a
Inglaterra, com associações de pais e eles foram nos respondendo, nos
mandando documentos e nos informando. Toda a documentação da APAE de
São Paulo partiu dessa iniciativa. Fomos pensando como poderia ser a
fórmula básica. E foi muito legal porque anos mais tarde, em 2004, eu
estava em casa sossegada assistindo TV e recebo um telefonema em
espanhol. A pessoa era do Canadá, da Organização Mundial de Saúde, e
dizia que eu era convidada para ir para Montreal em outubro. Eu tinha
sido escolhido entre as 35 personalidades da América Latina como uma
pessoa de autoridade de capacidade intelectual. Eu achei que tinha
algum engano (rsrs).

E a senhora foi para Montreal?
Sim,
fui, ganhei o prêmio e falei em inglês em nome de todos aqueles países
que estavam ali como o Peru, Argentina, Chile, México, etc. Foi
fantástico, uma experiência notável.

E o que faz na APAE hoje?
No
momento apenas faço parte do grupo de envelhecimento dessas pessoas
deficientes. Quando nós fundamos a APAE, nossos filhos duravam 18, 20
anos de vida apenas. Os médicos diziam era difícil lidar com filhos
assim porque eles não iam andar, iam ser um vegetal, tudo isso era
besteira. Acontece que, com o tempo, a longevidade das pessoas no mundo
todo deu pulos imensos. A criança com síndrome de Down tem muita
facilidade de ter problemas de tiroide, problemas cardíacos e,
antigamente, 90% morriam de doenças cardíacas, mas com o tempo e as
tecnologias, elas acabaram sendo recuperadas e hoje são adultos e estão
muito bem.

E seu filho está bem?
Ele está bem. Ele tem
uma lesão muito grave na espinha, uma má formação da espinha dorsal que
ocorre na fase embrionária. Muitos anos atrás, a gente não sabia que o
ácido fólico é um dos principais componentes para ajudar a não ter esse
tipo de problema. Países como Canadá e Estados Unidos há mais de 20
anos têm uma lei que todas as mulheres grávidas ou que pretendem
engravidar devem tomar ácido fólico ou adquirirem na alimentação. O
Ricardo é muito alegre, ele é muito feliz da vida, muito contente.

E por causa dele a senhora escreveu um livro?
Sim,
Sobre o Outro Lado do Arco-Íris, que fala sobre meu filho Ricardo. Quem
me desafiou a escrever foi o escritor João Carlos Pecci, irmão do
Toquinho, que ficou paraplégico num desastre de automóvel. Depois de
tê-lo conhecido, dei para ele alguns questionários que eu tinha
respondido e ele escreveu uma carta linda que dizia mais ou menos
assim: ‘Maria Amélia, você sabe o que é ser egoísta, pois guarda apenas
para si uma sabedoria de amor e de doação’. Quando recebi, chorei e
fiquei muito emocionada, me senti desafiada e aí surgiu esse livro.

E como foi escrever?
Escrevi
para relatar meu dia a dia e achei que foi tão compensador, foi tão
bom. Muitas pessoas me convidaram para dar palestras sobre o Ricardo.

Desde quando está no bairro?
Desde
que me casei, em 1952. Moramos numa casa pequenininha. às vezes vem
alguém dizendo que vai construir prédios grandes e demolir todas as
casas pequenas, mas não temos vontade de morar em apartamento.

E o seu dia a dia?
Trabalho
só meio dia, na parte da manhã, o outro período tenho que olhar meu
filho. Não tenho quem olhe ele. Tenho uma faxineira que me ajuda e faz
aqueles serviços domésticos. Meu marido não trabalha mais, mas ele tem
que sair um pouco também.

Tem uma mensagem para os nossos leitores?
Hoje
em dia a deficiência não é mais um símbolo de vergonha ou um castigo
divino para os pais. Temos que entender que a deficiência é no mundo
todo. Todos os pais e mães que têm filho com Down sofrem e ficam se
perguntando ‘o que será que eu fiz para Deus me mandar esse filho?’
Essa pergunta, que muita gente faz nas grandes crises da vida, tem uma
resposta muito importante: tudo que é superficial passa, mas um filho
mexe com nosso interior.


TV Cultura conta|a história da Lapa

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Barros Lima revela detalhes da origem do bairro

A série História dos Bairros de São Paulo II é na atração da TV Cultura.
A produção conta com 20 documentários recheados de depoimentos de
personalidades inseridas nas respectivas localidades, além de
historiadores.
Neste domingo, 17, às 22h05, vai ao ar “Cinzas Eternas – Uma declaração
de amor à Lapa”, documentário que pega como gancho a carta-testamento
do falecido lapeano Osmar Bueno de Carvalho. Um dos criadores da
bandeira da Lapa e participante ativo da vida social e política da
comunidade, Osmar deixou por escrito o desejo de que suas cinzas fossem
espalhadas por algumas das ruas em que viveu por toda a vida.
Essa e outras histórias de paixão pelo bairro são retratadas no
documentário, que conta com depoimentos do historiador José Carlos de
Barros Lima; do presidente do Consabs, José Benedito Boneli Morelli; e
de Décio Ferreira, lapeano da velha guarda falecido em 2009.

A vida zen|da monja Coen

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A monja Coen

No registro civil é
Claudia Batista de Souza. Agora ela é conhecida como monja Coen, nome
que recebeu quando entrou no zen-budismo e foi ordenada em 1981. Até
então teve uma vida bem atribulada. Foi mãe aos 15 anos e casou algumas
vezes. Viajou pelo mundo e chegou a ficar presa na Suécia por conta de
drogas. Em Los Angeles (EUA), encontrou o zen-budismo e a partir daí
sua vida mudou. Entrou para o mosteiro zen-budista. No Japão, estudou
em um mosteiro exclusivo para mulheres. Voltou ao Brasil em 1995, para
difundir o zen-budismo e participar de ações pela paz e pelo meio
ambiente. Escreveu dois livros sobre o budismo. O romance Monja Coen –
a mulher nos jardins de Buda, de Neusa C. Steiner (Mescla Editorial)
foi baseado em sua vida. Aqui, ela fala de sua história e como o
budismo vê situações que vivemos no dia a dia.

No ritmo agitado de vida que levamos, a espiritualidade tem espaço?
Ela
se manifesta no nosso dia a dia, em nossa maneira de ser e de ver o
mundo. Tem gente que só pensa nos lucros, no material. Há pessoas que
percebem ter alguma coisa que transcende a materialidade mas que está
presente na matéria. Isso é o que as pessoas podem chamar de
espiritualidade. A ética está muito envolvida com isso. Sua Santidade,
o Dalai Lama, insiste em dizer que precisamos de uma nova ética para o
novo milênio.

As pessoas se esquecem que vivemos em comunidade…
Sim.
Compartilhamos do mesmo ar, da mesma água. Algumas pessoas pensam que
vivem em uma coisa separada. E o que a espiritualidade ou religiosidade
vem trazer é que estamos conectados com alguma coisa maior do que nós.
Maior do que o meu “euzinho”. E ele se manifesta de inúmeras formas.
Com causas e efeitos.

Por exemplo?
O trânsito.
Quando está congestionado, qual é olhar espiritual? Estamos todos
nisso, não estamos sozinhos. Não sou a única pessoa presa no trânsito.
O que faço? Reclamo? Xingo? Resmungo? Ou aprecio o que está
acontecendo? Eu escolhi viver em uma cidade grande com tantos carros e
tantas pessoas. É a minha escolha.

E o que a senhora faz quando fica presa em um congestionamento?
Eu
sempre tenho um livro no meu carro. Até fico torcendo que o trânsito
pare para eu ler mais um pouco. Use o seu tempo de maneira preciosa e
sagrada. Reconheça os obstáculos como parte do caminho.

E o consumo? Como evitar o descontrole?
Dentro
do nosso sistema capitalista, as vendas de final de ano são
importantes. As pessoas mais simples dão mais presentes do que as que
têm mais. O que é prejudicial. Como tudo na vida, depende do meio
termo. Se eu não estiver centrada com o que preciso e quero fazer,
acabo comprando o que não preciso. E o problema é que a gente não sabe
onde pôr e não sabe dar, compartilhar. No Japão, por exemplo, há duas
trocas de presentes no ano: no verão e no inverno. Quando as pessoas
ganham muitos presentes, elas passam alguns para os outros.

E quem perde o controle, acaba se endividando…
Além
de perder o sentido pelo qual vai comprar. Isso tem a ver com
depressão. Buscam nas compras o que lhe falta. E aí vem as dívidas.
Você precisa planejar e organizar a sua vida para não abusar.

A cada virada de ano fazemos promessas e algumas vezes não conseguimos cumprir.
Não
tem época para planejar a vida. É preciso equilibrar. Todos os dias a
gente se propõe a ser melhor. Não existe um ano novo no dia 31 de
dezembro. Cada instante é um novo instante. A vida é para ser lúdica.
Precisamos viver de maneira mais sustentável. Precisamos cuidar do
planeta. O fato de não conseguir imediatamente não diminui meu
objetivo, meu propósito. Posso não ter conseguido no ano passado, mas
posso conseguir neste ano.

O importante é não desistir?
Um
monge do século VII já disse: “Caia sete vezes e levante oito”. Quando
começamos a andar, tivemos dificuldades mas não desistimos. Não desista
de seu propósito.

E na política. Por que temos tantos escândalos?
É
um modelo errado que está sendo passado de geração para geração. Em vez
de estar desperta, como Buda que acordou para a verdade, a pessoa quer
ser esperta. Mas ela será pega mais adiante. Isso é muito bom que
aconteça para que as pessoas aprendam.

Como se convive com esses comportamentos?
O
que eu faço é motivar as pessoas a viver com ética. É a minha
contrapartida. Procuro ser ética e transparente na minha vida e me
cuido muito. Todos nós estamos nos vendo. O mundo nos vê. Vivemos
interligados.

De que maneira o zen-budismo se relaciona com o dinheiro?
O importante é não colocar o dinheiro na frente. Nós o criamos para facilitar nossa vida. As pessoas não devem se apegar a ele.

Mas não dá para viver sem ele.
Sempre
falo para os meus alunos, quando perguntam como aumentar a renda da
nossa comunidade: não podemos colocar o dinheiro na frente. Se vier a
acontecer é porque estamos fazendo uma coisa boa, que está beneficiando
pessoas. Eu penso: qual é o bem que eu posso fazer para as pessoas e
que dê retorno para pagar as despesas e, quem sabe, crescer?

A sua principal atividade é divulgar o zen-budismo?
Sim.
Vou usar os meios que forem necessários para isso. Fui repórter do
Jornal da Tarde e isso me abriu várias portas. Sei que muitas vezes o
que se diz para a imprensa não sai conforme foi dito. Mas não tem
importância. É uma forma de dizer que o budismo existe.

A sua vestimenta ainda causa algum espanto?
Me
visto assim desde 83 quando fui ordenada monja. O fato de ser mulher,
careca, faz a pessoa parar e pensar e isto é o ensinamento de Buda. Dom
Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo, dizia que gostaria que os
padres voltassem a usar as roupas de antigamente e que fossem
conhecidos como tal. Isso é pregação religiosa. Quem vê um religioso na
rua sabe que isso é uma opção de vida.

A senhora é muito abordada na rua por isso?
Agora
nem tanto. Muitas vezes, as pessoas me perguntavam se eu estava fazendo
quimioterapia. O cabelo não é beleza. Buda raspou o cabelo para mostrar
que ele não pertencia a nenhuma casta e não seria identificado pelos
seus bens. É para ser identificado pela opção de vida.

O que as pessoas podem fazer para melhorar o mundo?
O
zen-budismo trabalha com a capacidade de se tornar iluminado. A
natureza e nós não estamos separados. Nós precisamos cuidar da nossa
casa, do nosso corpo. Os jovens hoje estão envolvidos com o meio
ambiente. Essa conscientização está sendo passada na escola, na mídia.
É uma mudança, um olhar diferente. Precisamos mudar para podermos
sobreviver.

O livro A Monja nos Jardins de Buda, da escritora
Neusa Steiner, se baseia em sua biografia. A Claudia Dias Batista de
Souza (nome da Monja Coen) e a Sílvia (personagem do livro) são a mesma
pessoa?

Em alguns momentos sim e outros não. Os eventos, sim,
aconteceram de fato. Meu pai não era a pessoa que ela descreve. Ele era
loiro, era pobre, tinha três empregos. Meu avô era professor e tinha
dificuldade para manter a família. Minha mãe era professora primária e
dava aulas em Santos. O casal se encontrava nos finais de semana.

A senhora autorizou a publicação do livro.
Sim,
mas pedi para ela mudar os nomes das pessoas. Quando eu comecei a ler,
eu pensei “isso não sou eu e nem é a minha história”. Não quis que ela
reescrevesse o livro inteiro. E não tinha tempo para dar tantos
detalhes. Na verdade, o livro não era para ter nem o meu nome. Mas a
editora disse que não editaria o livro se não tivesse meu nome. Ficou
uma misturinha.

São muitas as diferenças entre os budismos?
É
como se fôssemos comparar o cristianismo, que tem uma raiz comum, que é
Cristo, e as inúmeras ordens diferentes dentro dele. No Brasil, se
conhece pouco sobre o budismo. A base é Buda. Mas, a partir dele,
surgiram inúmeras ordens religiosas. Temos o budismo mais antigo e
tradicional, no sul da Ásia. No norte da Ásia ele é mais flexível, se
adaptou aos dias atuais. Para alguns, o nirvana será alcançado depois
da morte. O zen-budismo acredita que é nesta vida. São tradições
diferentes.

E o budismo japonês?
Tem várias ordens. O
zen-budismo, ao qual pertenço, é uma das ordens que no Japão tem muitos
adeptos. Depois, vem a Terra Pura, que é a maior no Brasil, trazida
pelos imigrantes.

Como a senhora iniciou as caminhadas pelos parques?
Quando
abri essa comunidade, na casa de um aluno. Comecei a fazer as
caminhadas pelos parques da cidade. Ela acontece todos os terceiros
domingos do mês no Parque da Água Branca. É aberta para qualquer
pessoa. É uma meditação silenciosa. Caminhamos sentindo o chão, a luz,
a sombra, a temperatura. Que cada passo seja um passo de fato.

Quem quiser assistir uma palestra sua como faz?
Todas
as terças-feiras eu faço uma palestra que é aberta a todos. As pessoas
vêm aqui por causa do zen-budismo e não pela monja Coen.

Comunidade Zen Budista
Rua Desembargador Paulo Passalaqua, 134
Telefone 3865-5285
www.monjacoen.com.br

Pompéia alaga|mais uma vez

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Enchente na avenida Pompéia

A forte chuva da noite da
terça-feira (5) trouxe para a Vila Pompeia o recorrente problema das
enchentes.Novamente, pontos críticos da região foram tomados pelas
águas e ficaram intransitáveis: Avenida Pompéia (cruzamento da Avenida
Francisco Matarazzo) e Rua Venâncio Aires.
E se as chuvas continuarem intensas durante o verão, moradores e
comerciantes enfrentarão novos problemas, pois nenhuma obra foi
executada pela Prefeitura nos últimos anos para por fim a esse crônico
quadro de enchentes a cada forte chuva, seja qual for a estação do ano.
Questionada sobre o alagamento da terça-feira, a Sub Lapa, repete as
explicações, que deixam a comunidade indignada e revoltada. “Foi feita
uma licitação para apresentação de estudos sobre o que fazer na região
da Avenida Pompeia com Francisco Matarazzo, como, por exemplo, piscinão
ou novas bocas-de-lôbo ao longo do córrego Água Preta”, afirma Carlos
Fernandes, coordenador de Finanças da Sub Lapa. Segundo ele, não há
previsão para o início de obras de grande porte.
O novo sistema de operação da Defesa Civil da Sub Lapa, que conta agora
com uma Sala de Estratégia totalmente informatizada, não funcionou na
noite da terça-feira. “Não tivemos tempo hábil para agir”, afirma o
coordenador Distrital de Defesa Civil da Subprefeitura da Lapa, Nelson
Masahiro Suguieda. “O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE)
colocou a cidade em estado de atenção às 20h45. Eu estava em Perdizes
às 20h30 e já chovia muito forte. Para acionarmos esquema de emergência
precisamos nos antecipar em pelo menos uma hora antes do início da
chuva. Assim é possível montar uma ação conjunta envolvendo CET
(bloqueio dos pontos críticos), Bombeiros e Defesa Civil, com tempo,
inclusive, de avisar os moradores”, acrescenta Suguieda.

O Agora de|Dani Gurgel

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Dani Gurgel

Cantora e fotógrafa, Dani Gurgel lançou o
CD Agora, o terceiro de uma carreira que iniciou com flautinha doce aos
três anos. Como instrumentista, toca piano, sax barítono e contrabaixo.
Cantar veio depois e, com a voz, Dani está trilhando um sólido
trabalho. No novo CD, ela reuniu jovens talentos e inovou na produção
com a venda antecipada e parceria com um selo norte-americano para
distribuir seu trabalho no exterior. Nesta entrevista em seu
apartamento na Vila Leopoldina, ela conta sua trajetória musical e seus
planos para 2010.

Quando você iniciou sua história com a música?
Comecei cedo na música, com três anos de idade, por vontade própria.

Que instrumentos você toca?
Comecei
com flautinha doce. Toco piano, flauta doce, saxofone barítono –
instrumento que fiquei mais tempo e com o qual mais trabalhei
profissionalmente. E toquei em big bands bastante tempo e música
instrumental. Toquei com Roberto Sion e com o Zimbo Trio, entre outros.

Você é formada em música?
Fiz
publicidade. Quando fui prestar vestibular, já vivia de música e de
fotografia, desde os 13 anos. Resolvi prestar uma faculdade que pudesse
usar nas duas áreas.

E cantar, quando você começou?
Nem
imaginava que iria virar cantora. Aos quinze anos quis tocar
contrabaixo para fazer parte da “cozinha” da banda, da sessão rítmica.
É onde o pessoal faz o suingue de verdade. Não queria fazer solo ou
improvisar. Com o contrabaixo comecei a compor. Daí senti necessidade
de colocar letras e comecei a cantar.

Com mãe pianista e pai saxofonista, eles te influenciaram?
Meu
pai não toca mais profissionalmente. Nunca tive influência do tipo
“faça isso”. A música sempre aconteceu para mim. Com três anos, eu pedi
para fazer aula de música, porque via o prazer que minha mãe tinha
tocando. Eles facilitaram, mas nada foi imposto.

Depois que se descobriu cantora não parou mais?
Fui gostando e descobri a voz como instrumento. Nos shows, toco guitarra. Mas nos CDs apenas canto.

Ter sido instrumentista antes ajuda na hora de cantar?
Faz
toda a diferença. É muito importante saber o que estou cantando. Sei
que nota posso mudar ou não e o que posso improvisar. Nas bandas você
faz parte de um grupo e não responde sozinho por nada. Se você errou,
todo o grupo cai. Você é responsável pelo grupo e vice-versa. Cantar em
coral é outra experiência muito importante.

Como você define seu estilo?
Faço
música brasileira com influência de jazz, bossa nova, mas não me limito
a esses ritmos. Quero buscar todos os ritmos de todos os lugares do
Brasil. Meu trabalho tem de tudo. Tem baião, samba tradicional e mais
rápido. Tem até música africana, maracatu…

Que influências você tem?
Elis
Regina sempre foi para mim uma referência. Não só pela maneira de
cantar, como o jeito de levar o trabalho. Ela fazia uma coisa que eu
acho essencial: não gravava um monte de música que já tinha dado certo
só para ver se emplacava de novo. Gravou Gilberto Gil, Fagner, Belchior
quando eles eram desconhecidos. Muitos surgiram através da voz da Elis.
E fiz o mesmo quando escolhi o repertório do Agora.

No Agora, são músicas suas e de parceiros?
O CD é bem equilibrado. Tem músicas só minhas e de parceiros. Mas sempre gente nova. E, com certeza, vamos escutar esse pessoal.

Você é cantora, é fotógrafa e tem um estúdio de música.
Sim, mas o estúdio (Oca) é do meu marido (Thiago Rabello). Fica na Rua Cláudio, na Lapa.

Que tipo de fotografia você faz?
Faço muita capa de CDs. Já fiz capa para a Mônica Salmaso e Pau-Brasil.

Ser música ajuda na hora de clicar os músicos?
Com
certeza. Na hora de transformar a música em uma imagem, acho mais
bacana chamar alguém que vai entender sua música. Quem fotografa
música, no mínimo, deve ser apaixonado por música. Assim como quem
fotografa futebol, deve entender de futebol…

Dá para conciliar as atividades?
Levo
paralelamente as duas carreiras. Acho que é bom para a sanidade de
qualquer pessoa. Já tentei escolher entre elas, mas não consegui. São
profissões e paixões.

A forma de distribuir seu CD é diferente. Explique isso.
O
ArtistShare é um selo norte-americano e faz a distribuição do meu disco
pelo mundo inteiro. A Tratore distribui aqui no Brasil. E a produtora
Borandá vende meus shows. A parceria com a ArtistShare foi a
oportunidade que tive para divulgar esse disco de maneira diferente.

Foi um disco diferente dos outros que você fez?
O
CD foi pré-lançado em março de 2009. Em setembro foi finalizado. Em
março, eu defini quem iria participar, quem faria os arranjos. A data
de lançamento já estava marcada para 12 de setembro com o show no
Auditório Ibirapuera. Abrimos para quem quisesse comprar antes, e ele
pode acompanhar passo a passo, através de vídeos, como o CD foi feito.

E você ficou satisfeita com o resultado?
Deu
supercerto. Foi uma chance de mostrar para as pessoas o processo de
criação de um CD. A ideia é que a pessoa se sentisse parceiro. O
processo de criação não pode ser pirateado. O produto final, sim.

Você lançou o CD com uma série de shows…
Fiz
uma temporada no Vivo Music. Todos os 23 convidados que participaram do
disco foram divididos em quatro shows. São 15 compositores mais os
músicos. É todo mundo que está na capa do disco.

E como você reuniu essa turma?
Pedi músicas para alguns. Uns são amigos de longa data, outros são amigos mais recentes.

Como é seu trabalho nas rádios?
O
mercado de rádio é difícil de entrar. Com gravadora pequena é difícil.
Estou buscando achar espaço. A CBN é uma emissora que dá espaço pra
gente, apesar de não ser uma rádio que toca música.

Quais os planos para 2010, com o CD Agora?
Vamos sair de São Paulo para rodar o país. E pretendo também fazer shows fora do Brasil.

Desde quando você mora na Vila Leopoldina?
Vim para cá em julho de 2009.

Antes, você morava onde?
Vim
para cá depois de casar. Eu no Campo Belo e meu marido na Aclimação.
Mas nós trabalhamos aqui na Zona Oeste. A gente procurava um lugar
sossegado, por Perdizes, Vila Madalena… Ficamos seis meses
procurando. Quando achamos a Vila Leopoldina, resolvemos ficar por aqui.

Do que você gosta no bairro?
Acho
indispensável poder sair de casa a pé. Ir à padaria, ao correio, ter um
chaveiro perto… Sem precisar de carro. Quero também me sentar aqui na
varanda e ouvir o canto dos passarinhos… Moro em andar baixo e penso
que será legal quando nós resolvermos ter filhos… Aqui é muito
gostoso.

O que você gosta de ouvir em matéria de música?
Ouço tudo. Quem trabalha com música é essencial ouvir desde Michael Jackson a Beethoven. Temos de respeitar todos.

Quem quiser comprar os seus CDs, como deve fazer?
É só entrar no site e comprar o CD e também conhecer um pouco do meu trabalho. Tem até download grátis.

www.danigurgel.com.br

Vida Alves, paixão|pela telinha

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Foto:

Vida Alves

A carreira da atriz Vida Alves está
intimamente ligada à TV brasileira. Nascida em Itanhandu (MG), iniciou
sua carreira no rádio como cantora-mirim e fez radionovelas. Em 1950,
com a inauguração da TV Tupi, dividia seu tempo entre o rádio e a
televisão. Na primeira novela, “Sua Vida Me Pertence”, formou par
romântico com Walter Foster e juntos protagonizaram o primeiro beijo da
TV, que teve uma grande e ruidosa repercussão. Vida, além de atriz,
escreveu programas e novelas para o rádio e TV. Escreveu o livro
“Vida… uma Mulher” e ministrou cursos de comunicação depois que
deixou a TV. Seu espírito pioneiro a levou a criar o Museu da TV e a
Pró-TV – Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da
Televisão Brasileira, que ocupa boa parte da sua residência no Sumaré,
bairro onde mora desde 1950. Mãe de um casal de filhos, ela se prepara
para ganhar sua primeira bisneta neste ano. Nesta entrevista, ela fala
sobre sua carreira e sua luta para preservar a memória da TV
brasileira.

Comecemos pelo famoso primeiro beijo da TV brasileira com Walter Foster, que deu o que falar.
Foi
em 1951, na novela “Sua Vida me Pertence”, da TV Tupi, que era o único
canal de TV que existia. Foi uma coisa delicada. O beijo não foi
escandaloso. Causou escândalo por ter sido o primeiro. Foi um trabalho
profissional e harmonioso. Mas aconteceu bastante burburinho. Os
diretores da novela ficaram preocupados em não chocar.

Por que chocou?
O
beijo naquela época era mais sigiloso. Não só na TV como no dia a dia
das pessoas. No cinema e no teatro, existia pouco. Nas casas, acredito
eu, só com as portas fechadas. Hoje em dia, todo mundo se beija em
todas as praças, em todos os lugares… com mais naturalidade. A
televisão entra dentro das casas das pessoas sem pedir licença…

Qual foi a sua reação?
Eu me fechei em copas. Não comentei e evitei dar entrevistas. Passei alguns dias alheia e foi muito melhor para mim.

Era tudo ao vivo?
O
videotape só veio aparecer em 1963. A novela não era o principal
produto da TV. O Grande Teatro Tupi é que era o principal programa da
TV. Por isso a novela começou pequena e só tínhamos um estúdio. E
fazíamos alguma coisa pelas ruas do bairro. Não se usava espaços
externos. Não tínhamos cidades cenográficas. Fazíamos a cada 15 dias um
Grande Teatro, com seis ou sete cenários, enquanto a novela tinha dois
ou três.

Você atuava tanto nas novelas como no Grande Teatro?
Sim.
As novelas não eram importantes. Eu era importante. Não só no Grande
Teatro, como na novela e no rádio. Fazíamos as três atividades ao mesmo
tempo. Eu escrevi 14 novelas para o rádio e três para a televisão e
seriados.

Com quem você atuou?
Muitos deles ainda
estão trabalhando. Lima Duarte, por exemplo, é um deles. Ele atuou na
primeira novela e no primeiro Grande Teatro: “O julgamento de João
Ninguém”, escrito por Dionísio Azevedo. O Lima Duarte era o João
Ninguém. Ele foi um grande astro desde o primeiro momento.

Como você foi para a TV?
Eles escolheram no elenco da rádio quem fotografava bem. E naquela época a TV nem patrocinador tinha. Era muito experimental.

É verdade ou folclore que o Chateaubriand teria feito a inauguração da Tupi quebrando uma garrafa de champanhe em uma câmera?
Ele
era muito louco, mas nunca foi burro. Isso é lenda, piada, brincadeira.
O que aconteceu é que das três câmeras, uma delas quebrou após o ensaio
geral. Haviam dois estúdios. Ela simplesmente pifou e foi resolvido na
hora. Como ali tinha muitos jornalistas, cada um inventou uma história.

Os Diários Associados eram uma potência aqui em São Paulo e no Brasil?
Os
Associados em São Paulo englobavam emissoras de rádio – Tupi e
Difusora, depois a Cultura; a TV Tupi e dois jornais diários: Diário da
Noite e Diário de São Paulo. Em São Paulo era um conglomerado. E o
mesmo acontecia pelo Brasil. Era uma potência.

Depois da Tupi você passou por outras emissoras…
Fiquei
nos Associados por 22 anos. Depois fui para a TV Excelsior, que acabou
falindo antes da Tupi. Depois trabalhei na TV Gazeta, onde foi lançado
o primeiro programa em cores, “Vida em Movimento”. Era um programa de
entrevistas.

E depois da TV, o que você fez?
Saí da TV
em 1980 e passei a organizar cursos de comunicação junto com a minha
filha, Taís Alves. Eu viajava pelo Brasil inteiro. Dava aulas de
comunicação para vendedores, empresários. De uns anos para cá, deixei
esse trabalho e a minha filha continua.

Você mora no Sumaré desde quando?
Estou
aqui há mais de 50 anos neste mesmo endereço. Meu marido (falecido),
Gianni Gasparinetti, era engenheiro e ajudou a montar a TV. Hoje o
bairro verticalizou-se bastante. Onde moro continua bom para se viver.

Como surgiram a Pró-TV e o Museu da TV?
Eu
estava longe da televisão e fui a um enterro de um ex-colega e amigo. E
lá me deu uma vontade grande de fazer isso. Tive a impressão de ouvir
uma voz dizer: “Vida, faça alguma coisa para a televisão”. Não sei
muito bem das coisas do além. Mas eu pensei: “Eu não sou contratada por
nenhuma emissora…” Então pensei em fazer alguma coisa. A partir daí
comecei a erguer o Museu da Televisão. Me reuni com outros amigos e
começamos em 1995 e desde então sou a presidente.

O acervo é muito grande. Equipamentos, livros, fotos…
Cerca
de 5 mil fotos. Pelas paredes, tenho cerca de 300 fotos. Em 2008, foi
reconhecido pelo Ministério da Cultura. Mas não recebo nenhuma verba
pública. Ele é mantido pelos associados pagantes e algumas doações.

As emissoras de TV colaboram com o Museu?
Muito
pouco. Eu não sei exatamente por quê. Acho que o brasileiro tem
dificuldade em dar dinheiro para um espaço de memória como o nosso. Já
procurei governos e particulares.

Este ano a televisão brasileira chega aos 60 anos…
Espero estar com todo o gás para poder fazer uma bonita festa em homenagem à televisão, em setembro de 2010.

Museu da TV
Rua Vargem do Cedro, 140, Sumaré
Telefone 3872-7743 (agendar visita)
www.museudatv.com.br

Prefeito fala sobre|balanço da região

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Gilberto Kassab faz balanço regional

O prefeito Gilberto Kassab falou com
exclusividade ao editor do Jornal da Gente, Eduardo Fiora, sobre
questões relativa a Subprefeitura da Lapa, a Coordenadoria de
Assistência Social e a verticalização na região.

Esvaziamento das Subprefeituras

Gilberto Kassab – São Paulo foi dividida em 31 Subprefeituras para que
a administração possa ter uma representação mais próxima do cidadão,
com mais autonomia e autoridade do que tinham as antigas Administrações
Regionais. Creio que elas têm cumprido bem esse papel, que deve ser
cada vez mais valorizado. Não existe esvaziamento. A Subprefeitura é
uma projeção da administração municipal no território e, nesse sentido,
cabe sim ao subprefeito, que é nomeado, ser um bom zelador urbano. E é
pouco ser o zelador do território? Eu acho que não. É uma imensa
responsabilidade comandar o trabalho das equipes que realizam as obras
e os serviços em áreas enormes, com população maior que a da maioria
das cidades brasileiras. A Subprefeitura também é responsável pela
análise de processos e autorização de obras de demolição, reforma e
construção e pela autorização de abertura de estabelecimentos
comerciais e de serviços, além da realização de eventos até determinado
porte. Tem também a fiscalização. E não se deve esquecer que, muitas
vezes, a Subprefeitura atua como porta-voz das demandas da população da
região junto a outros órgãos públicos, municipais ou mesmo estaduais e
federais. Se ela é procurada por demandas relacionadas ao trânsito,
encaminha para CET. À Segurança Pública, para Polícia Civil e Militar.
Ao transporte coletivo, à SPTrans, Metrô, EMTU e CPTM. E assim por
diante.

Formação do Conselho de Representante

Gilberto Kassab – Considero positiva a idéia do Conselho de
Representantes. Estamos analisando as possibilidades, vantagens e
dificuldades em relação à estrutura e formas de funcionamento.

Coordenadoria de Assistência Social

Gilberto Kassab – A Secretaria Municipal de Assistência Social atua na
região da Lapa por meio do Centro de Referência e Assistência Social
(Cras), com uma equipe do Projeto Presença Social nas Ruas. Essa equipe
faz a abordagem e o acompanhamento da população em situação de rua no
entorno do Ceagesp. Pena que, quando abordados pelos agentes sociais,
muitos se recusam a ir para o Centro de Acolhida para Adultos 24 horas,
localizado na Vila Leopoldina. É importante salientar que, por lei, a
Prefeitura não pode obrigar essas pessoas a aceitar os serviços da rede
de assistência social. Para amenizar a situação, o CRAS da Lapa está
buscando parcerias com empresas da região para criar uma cooperativa de
reciclagem que gere renda para as pessoas que estão vivendo perto do
viaduto Mofarrej.

Verticalização

Gilberto Kassab – Essa questão é importante e foi levantada durante a
elaboração da proposta de revisão do Plano Diretor Estratégico, que
encaminhei no início do ano à Câmara Municipal. A cidade se verticaliza
ou fica mais adensada em determinadas áreas, em função da dinâmica do
desenvolvimento econômico. Apesar de ter bairros e regiões intensamente
adensados, São Paulo ainda é muito mais espraiada do que verticalizada.
Seul, capital da Coréia do Sul, tem a mesma população de São Paulo, mas
ocupa um terço do nosso território. A idéia da cidade compacta vem
sendo perseguida pelos planejadores paulistanos porque utilizar melhor
todos os terrenos do centro expandido implica em economia de energia,
menos trânsito e mais qualidade de vida. Porém esse adensamento não
pode ser feito de forma a sufocar os bairros mais centralizados. Para
isso, o PDE (Plano Diretor Estratégico) criou a cobrança da outorga
onerosa, uma taxa paga pelos construtores que quiserem superar o índice
básico de aproveitamento do terreno atingindo até o máximo, usado
apenas em grandes edificações. Nesse caso, os empreendedores pagam a
taxa como se comprassem metros quadrados adicionais para suas obras.
Esses metros quadrados estão em um estoque, bairro a bairro, que vai
acabando conforme a utilização. Aprovado em 2002, o PDE determina que
quando o estoque se esgotasse, a Prefeitura seria obrigada a fazer
estudo sobre a capacidade viária e de infraestrutura do bairro para
saber exatamente quanto de novo estoque poderia ser lançado no mercado.
Esse estudo está em fase de conclusão na Prefeitura. A respeito da
região da Lapa, cabe lembrar que, de fato, há bairros com tráfego
bastante intenso. No entanto, há ainda vazios urbanos como os da
Avenida Marquês de São Vicente, onde está o maior terreno particular da
cidade, de 300 mil metros quadrados. Manter um terreno desse vazio,
numa cidade em que a população ocupa as represas, é no mínimo um
desperdício. Dessa forma, o PDE propõe uma ocupação ordenada desses
vazios, que inclui antigos bairros industriais como a Mooca e a Vila
Leopoldina, de forma a melhor aproveitá-los sem perder qualidade de
vida. Cabe lembrar que aquela região da Marquês de São Vicente é
servida por corredor de ônibus, estação de metrô e de trem.

Eudóxia de Barros|dedicação à música

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A pianista Eudóxia de Barros

Com um recital no Theatro São Pedro, a
pianista e moradora de Perdizes, Eudóxia de Barros encerrou no dia 5 de
dezembro sua temporada de 2009. “Foi uma ótima apresentação e o público
foi bem receptivo”, diz a pianista.
Ainda se dedicando de seis a
oito horas diárias de estudo, Eudóxia tem levado essa vida de
instrumentista desde criança, quando começou sua formação, ao ver a avó
ao piano e querer imitá-la. Seus pais a incentivaram a estudar piano.
Além
de instrumentista, a pianista, que é membro da Academia Brasileira de
Música, também se dedica a ministrar aulas para alunos de todos os
níveis e administra, com o marido, o compositor Osvaldo Lacerda, o
Centro de Música Brasileira.
Sempre viveu de música. “Antigamente
eu fazia 50 concertos por ano. Hoje, infelizmente por falta de
incentivo, consigo fazer uns 25. No passado eu encerrava a temporada no
Theatro Municipal de São Paulo. Falta interesse dos governos e das
empresas”. Diz que as regras de direitos autorais a impedem de executar
novos compositores com mais frequência.
Nunca menosprezando os
grandes nomes como Bach, Chopin e Beethoven, ela sempre incluiu os
autores nacionais em suas apresentações. Eudóxia aprendeu a gostar de
música brasileira na infância e sempre ouvia cantores como Caco Velho e
Dircinha Batista e autores como Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Ernesto
Nazareth e outros. “Sou muito voltada ao que é nosso”, diz com orgulho.
Gravou mais de 30 LPs. Quando o CD surgiu, ficou mais difícil, mas
mesmo assim ela gravou entre outros CDs, Este Brasil que Eu Tanto Amo
(Paulinas, 1995) e o Despertar da Montanha (Eduardo Souto).
Estudou
na França por dois anos e depois seguiu para uma temporada de dois anos
como catedrática nos Estados Unidos, onde ganhou um concurso de solista
e se apresentou até no Carnegie Hall, em Nova York. Mas preferiu voltar
para o Brasil. “Sou muito apegada às minhas raízes”, resume.
Com Henrique Morelembaum e o marido, ela prepara anualmente o repertório que executa pelos concertos que faz por todo o Brasil.
Eudóxia
mora desde 1982 em Perdizes, bairro onde, segundo ela, “tenho tudo à
mão”. Gosta de caminhar pela vizinhança, e tem tudo próximo de sua
casa, desde o dentista até a ginástica na Curves.

www.eudoxiadebarros.com.br

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