Bate-papo no Senac Scipião discute conflitos armados mundiais
O Senac Lapa Scipião promoveu na quarta-feira, 4, o bate-papo “A voz da paz”, com a presença do professor José Carlos de Barros Lima, historiador da Lapa e diretor do Colégio Santo Ivo, e o professor Sarkis Ampar Sarkissian (USP).
Com uma plateia predominantemente de alunos do Ensino Médio, Barros Lima falou sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, do qual é especialista, e Sarkissian abordou o Genocídio Armênio, ocorrido na primeira metade do século XX.
Cemitério da Lapa teve movimento intenso no Dia de Finados
A Orquestra Sanfônica de São Paulo fechou as celebrações do Dia de Finados, na segunda-feira, 2, no Cemitério da Lapa.
O grupo, liderado pela maestrina Renata Sbrighi, se apresentou na última das cinco missas realizadas na capela do Cemitério, às 17h. O movimento no local foi intenso durante todo o dia, tanto dentro quanto fora do cemitério.
Infância e futuro
Todas as crianças deveriam ter uma infância despreocupada e inocente, mas nem sempre é assim. Muitas são vítimas da escravidão ou de maus-tratos daqueles que, muitas vezes, deveriam protegê-las. Quem teve uma infância saudável e cercada de carinho não imaginam a vida de uma criança obrigada a viver nas ruas porque ali se sente mais segura do que em casa. Num rápido passeio pela região, principalmente em áreas de grande concentração de pessoas e fartura de alimentos como a Ceagesp (na Vila Leopoldina), ruas, calçadas, becos ou barracos, é fácil encontrar infâncias perdidas e outras que teimam sobreviver a turbulências da Cidade.
Aliás, a infância é com frequência uma das vítimas de nossos tempos com corre-corre, agenda atribulada, internet, facebook, whatapp. Quando nos damos conta, o dia acabou e as crianças continuam nas calçadas, barracos ou becos expostas a cenas de todo tipo de uso de drogas, numa triste infância.
Defensor dos direitos das crianças e adolescentes, o desembargador de Justiça, Antonio Carlos Malheiros fez palestra para candidatos ao Conselho Tutelar e falou da importância da atuação dos conselheiros na salvação do futuro das nossas crianças. O desembargador e coordenador da infância e adolescência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo também é voluntário da Associação Viva e Deixe Viver. Entre um julgamento e outro, Malheiros alegra crianças hospitalizadas como contador de história voluntário da Associação a Viva e Deixe Viver. “Se a alegria não cura, melhora sensivelmente”, diz Malheiros. Ele tem razão. O desembargador sabe contar histórias, principalmente àquelas das quais testemunhou em sua peregrinação pelas ruas de São Paulo. Do jovem que conseguiu tirar das ruas e adotou como filho e da troca da prova de Geografia por um trabalho proposto por seu professor, quando tinha 13 anos: uma visita a uma favela do Vergueiro, que nem existe mais. A experiência com aquela realidade mudou sua vida e até hoje Malheiros desenvolve trabalho em defesa das crianças e adolescentes.
Sobre questões complexas como a de crianças convivendo com situações da minicracolândia da Vila Leopoldina, ele deu conselho aos candidatos. “As saídas são difíceis, mas precisamos de políticas públicas adequadas. E o conselheiro tutelar é um daqueles que tem muita força para exigir que essas políticas públicas venham como creche, escolas públicas mais adequadas, entre outras coisas, como escola de pais – porque não adianta socorrer as crianças e elas continuarem em famílias desagregadas”, disse. “O trabalho do conselheiro tutelar é fundamental no socorro e na proteção dos direitos da criança e do adolescente”, destacou. Por isso, o eleitor da região da Subprefeitura Lapa terá a responsabilidade (na eleição do dia 15) de escolher os conselheiros tutelares que vão transformar a infância e o futuro das nossas crianças. Pense nisso!
Pedalando sem segurança
O aumento das ciclovias pela cidade trouxe mais gente pedalando pelas ruas. Por outro lado – e negativo – houve um aumento de roubos e furtos de bikes.
O site de notícias independente Fiquem Sabendo – www.fiquemsabendo.com.br – revelou, em sua edição de 19 de outubro, que “entre os meses de julho e agosto deste ano, criminosos furtaram 459 bicicletas e roubaram outras 96 na cidade de São Paulo”. Baseado em dados da Polícia Civil, o aumento de furtos e roubos de bikes aconteceu a partir da inauguração da ciclovia da Avenida Paulista, no final de junho. Os dados levantados pelo site foram feitos com base nos registros criminais das 93 delegacias da capital e obtidos por meio da Lei Federal 12.527 (Lei de Acesso à Informação).
Os furtos e roubos ocorreram em toda a cidade. O bairro de Pinheiros (onde está a Vila Madalena) lidera a estatística com 49 furtos no período. O 14º Distrito Policial (Pinheiros) é o responsável por registrar e investigar os crimes ocorridos nessa área. A Vila Mariana, com 28 bikes furtadas, e os Jardins, com 24, ficam em segundo e terceiro lugar nesta triste estatística.

Com atuais 356 quilômetros de ciclovias, a gestão do prefeito Fernando Haddad pretende chegar até o final de 2016 com mais de 400 quilômetros. Bem recebida por especialistas em mobilidade urbana e por ciclistas, a expansão da malha cicloviária da capital paulista tem a aprovação de 80% dos paulistanos.
O grupo de ciclistas Pedal da Vila Madalena, fundado em 2010, reúne cerca de 50 bikers nas noite de terça e quinta a partir das 21h para passeios pela cidade. Para Humberto Costa, o Betinho, um dos fundadores e morador da Vila, “é comum o furto e o roubo de bikes pela nossa região”. Ele destaca a violência com que agem os ladrões, além de saberem quais são as bikes mais valiosas.
Luiz Roberto, o Tuca, outro fundador da Pedal, diz que “as mulheres são as mais visadas. Por isso, recomendamos que os ciclistas evitem de pedalar sozinhos”. Ele diz que a Avenida Paulo VI na altura do viaduto do metrô Sumaré é um dos locais onde os roubos acontecem. “Além de ciclovias, é preciso que as ruas e avenidas sejam melhor iluminadas para a segurança dos ciclistas”, pede.
Segundo eles, as bicicletas roubadas, quando não são vendidas, são desmontadas e suas peças vendidas separadamente. (GA)
Cardápio inspirado
Rede com três restaurantes chega trazendo uma variedade de pratos em ambiente agradável.
O primeiro Sallu Bar & Restaurante surgiu em 1994, no Shopping Portal do Morumbi. Era uma delicatessen. Dois anos depois veio a segunda casa no Shopping Jardim Sul, com um cardápio mais extenso, incluindo uma variedade de pratos servidos à la carte. Entre os pratos que a clientela tinha à disposição, destaque para o bacalhau à Isaura e a feijoada. A expansão foi natural e a estrutura e o cardápio do Sallu chegaram à Limeira, interior paulista, no Shopping Nações Limeira. Em setembro, o Sallu abriu suas portas na Vila Madalena e é uma das novidades gastronômicas do bairro.

Os sócios e irmãos Edicarlos Araújo de Oliveira e Heleno Araújo de Oliveira escolheram a Vila Madalena “pelo público descolado e apelo cultural”, diz Edicarlos. Para ele “além de um cardápio de qualidade a preços acessíveis, temos uma boa carta de vinhos, caipirinhas e um ótima relação custo-benefício”, garante.
Edicarlos tem paixão por vinhos. Isso começou quando trabalhou como garçom em um restaurante e descobriu o mundo dos tintos e brancos e tornou-se um sommelier (especialista em vinhos) através de cursos e muitas taças. Teve a oportunidade de trabalhar em uma importadora e toda a sua experiência ele dedica à harmonização dos vinhos com os pratos em seus restaurantes.
A filial Sallu da Vila Madalena fica em uma das esquinas entre as ruas Girassol e Wisard. O ambiente é bem suave, de cores claras. Um envidraçado bar de espera leva aos salões internos. Um balcão com adegas na parte de cima completam o ambiente. Mais alguns passos chega-se ao deck onde os clientes podem acompanhar o vaivém da rua com privacidade.

No comando da cozinha está Robson Lemos, que está na rede há alguns anos. “Tenho mais de dez anos de experiência em cozinha e me empenho em oferecer aos clientes uma comida saudável e criativa. Fico contente quando os pratos que retornam do salão estão praticamente ‘limpos’. É sinal de que gostaram da minha comida”, diz com entusiasmo.
De segunda a sábado, o Sallu oferece um cardápio executivo com cinco sugestões com preços a partir de R$ 24,90. Indicações do chef: na terça, braciola; na quarta, picadinho; na sexta, uma opção de pescado. Uma opção vegetariana também faz parte do cardápio. O cardápio com pratos clássicos são servidos normalmente no almoço e no jantar.
Uma carta de vinhos, elaborada por Edicarlos, é um dos destaques. Alé de cervejas importadas e nacionais, batidas e outros aperitivos. A casa aceita reserva para eventos e o cliente pode ter um cardápio personalizado. (GA)
Sallu Bar & Restaurante
Rua Girassol, 451, Vila Madalena
Tel. 3032-3872
Soluções que comunicam
Tradicional empresa de comunicação visual da Vila materializa ideias em diversos formatos.
Sabe aquele produto diferente, feito sob encomenda, que representa uma marca ou uma empresa, ou aquela fachada criativa daquele comércio que abriu recentemente, ou ainda aquele ambiente decorado primorosamente com molduras inusitadas, texturas e painéis pra lá de coloridos? Tudo isso é executado por empresas especializadas, que transformam ideias em produtos originais e diferentes. Assim é a Insign, focada em comunicação visual, aberta na região em 1994, primeiramente na Pedroso de Moraes, depois na Rua Simão Álvares e há nove anos na Doutor Virgílio de Carvalho Pinto.
Diferente de uma gráfica ou um bureau, que cria logotipos, desenhos, e faz impressão de títulos, a Insign executa ideias já criadas por diferentes profissionais, como fotógrafos, designers, arquitetos, entre outros. “Muitas pessoas confundem, mas é bom diferenciar os serviços”, diz Celso Massola, proprietário da empresa, juntamente com Renato Hirsh. Entre os serviços prestados pela Insign estão: reprodução artística e fotográfica com pigmento mineral e impressão de Cura U.V. sobre materiais rígidos, sinalização arquitetônica e displays, modelagem e recorte de peças em fresa e fabricação digital, adesivos decorativos para paredes, vidros e pisos, cenografia, banners e backlights, plotagem, peças especiais, impressão solvente e recorte de vinil.
Formada por uma equipe de profissionais que não tem medo de desafios, a Insign é reconhecida pela qualidade de seu trabalho e pela rapidez na entrega. “Estamos sempre nos adaptando aos novos tempos, atualizando maquinário, tecnologia e constantemente pensando em produtos e materiais que solucionem problemas e transformem ideias em objetos criativos. Com a evolução da tecnologia e com o passar do tempo, o perfil da empresa foi mudando um pouco, principalmente porque a forma de fazer as coisas também foi evoluindo. Tanto que hoje, além da comunicação visual, fazemos também a Fabricação Digital – um termo novo, que significa a criação de peças especiais com equipamentos de alta tecnologia, que envolvem criação de móveis e outros objetos”, explica Celso.
Atualmente, Celso e seu sócio estão abrindo o showroom para eventos, sendo que o primeiro deles já está agendado para acontecer no começo de dezembro com profissionais parceiros. “Nesse evento, iremos mostrar as novas texturas de papel de parede que estamos representando e também falar das novidades”, finaliza.
A Insign trabalha em horário comercial e as visitas são previamente agendadas. (ND)
Insign
Rua Doutor Virgílio de Carvalho Pinto, 567, Pinheiros
Telefone 3097-0068
Fotos: Tiago Gonçalves
Cultura e arte em ritmo de balada
Festa que reúne música, escritores, cineastas e todos os tipos de artes, a Balada Literária chega aos dez anos e movimenta a cidade entre os dias 18 e 22 deste mês.
Criada pelo escritor pernambucano Marcelino Freire, a Balada Literária surgiu para reunir escritores e público em um evento literário e festivo na Vila Madalena inspirada na Feira Literária de Paraty, a Flip. “Apesar de ser feita a duras penas, passaram pela Vila Madalena nomes como Antonio Cândido, Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto, Adélia Prado, Augusto de Campos, Tom Zé”, informa Marcelino.
O tom festivo do evento tem a cara do bairro e, para Marcelino, “muito movimento literário começou nas ruas deste bairro. Sou cria dos sebos da Vila, das esquinas, das empanadas de queijo e carne, do balcão da Mercearia São Pedro e das rodas de samba do Ó do Borogodó”, conta ele, que mora na Vila Madalena desde 2000.
Sobre a importância da Balada para a Vila e a cidade, Marcelino não economiza: “Quero retribuir um pouco de tudo o que São Paulo me deu. Moro em São Paulo há 24 anos vindo do Recife. Eu sou sertanejo, filho de retirantes. Vim na teimosia, na raça. E, de alguma forma, as oportunidades apareceram para mim. E agarrei as chances com muito amor. É esse amor que devolvo a São Paulo. A Balada Literária é um presente que eu e toda minha equipe baladeira humildemente oferecemos. Sem contar que, tocando um evento assim, eu me sinto um escritor mais útil, menos bundão. Tiro a bunda da cadeira e vou para as ruas, entende? Tudo para levantar um brinde e um viva à literatura. A literatura está viva. Salve, salve!

A edição 2015 da Balada Literária terá como homenageada a cineasta Suzana Amaral, diretora do filme “A Hora da Estrela”, de 1986, inspirado em um livro homônimo de Clarice Lispector. O filme recebeu três prêmios no Festival de Berlim (Alemanha), incluindo o de melhor diretora.
Os eventos acontecem na Vila Madalena e na Casa das Rosas, na Avenida Paulista, e terá um show de abertura com Chico César, no Auditório Ibirapuera. Tudo de graça.
Na abertura, dia 18 de novembro, a atriz Marcélia Cartaxo participa do show de Chico César (ele participou da primeira edição da Balada em 2006), ao lado de Roberta Estrela D´Alva, no Auditório Ibirapuera. E volta, no dia seguinte, para a primeira mesa da programação, às 11h, na Livraria da Vila, em conversa com Suzana Amaral, com mediação de Cadão Volpato. Na ocasião, Jorge Filholini abre a exposição Quebras.
No mesmo dia, Xico Sá conversa com a cartunista Laerte, homenageada da Balada em 2013, e o escritor João Silvério Trevisan. Entre mesas, exposições, shows, leituras, peças de teatro e lançamentos de livros, mais de 100 convidados encontram o público nos cinco dias de evento. Entre eles, Baby do Brasil, Lourenço Mutarelli, Jards Macalé, Conceição Evaristo, Fabiana Cozza, Glauco Mattoso, Paulo Lins, Ignácio de Loyola Brandão, Humberto Werneck e Ivan Ângelo. (GA)
Orgulho da raça
A atriz Thereza Morena busca reconhecimento profissional pelas suas qualidades e como ser humano. Entre seus projetos está a realização de um documentário onde questiona o papel do negro em nossa sociedade.
Paulista de Rio Claro, veio criança para a capital. Filha de mãe mineira e pai pernambucano, aqui estudou em escola pública e ficou faltando um semestre para se formar em administração de empresas. Nestes últimos seis anos, trocou de carreira e de vida. “Troquei a rotina de um escritório pelo desafio de viver de arte. Troquei o papel de figurante para ser a protagonista da minha vida”, afirma. Explica que a opção pela arte tem a ver com seu pai, “que era pedreiro de profissão, mas era um artista e dele herdei o gosto pela arte”.
Casada desde 2011 com o fotógrafo e artista plástico André Peirão, recentemente se mudou para um novo apartamento na Rua Harmonia. “Quem me apresentou a Vila Madalena foi o meu marido. Descobri que aqui é um lugar inspirador com seus grafites e adoro os brechós. Pela sustentabilidade e pela economia”, resume sua relação com o bairro.
Quando o assunto é questão racial, Thereza diz que já se sentiu discriminada em alguns momentos da vida, mas que só veio a ter mais consciência tempos depois. “Mas mesmo sem ter a consciência que tenho hoje, nunca deixei que as dificuldades de não ter dinheiro, a questão racial ou outra dificuldade me paralisasse. Nunca fiquei me lamentando… Segui em frente.”
A carreira de atriz começou meio ao acaso. Um amigo a convidou para fazer uma oficina de interpretação para cinema. Ele saiu logo. Ela continuou até o final. “Descobri que era isso que queria para mim”. Assim como em qualquer profissão, o não faz parte da rotina e “mesmo assim não desanimei. Vejo na profissão, mais do que um meio de vida, um sentido para minha vida e quero que meu trabalho seja útil para a sociedade”.
O primeiro teste aconteceu no Rio de Janeiro. Uma companhia de teatro buscava uma protagonista e ela sem nenhuma experiência em teatro resolveu encarar o desafio. A diretora da companhia, Gabriela Linhares, ao assistir sua performance, que consistia em uma trilha musical de Tom Jobim e um lenço, perguntou o que ela estava fazendo: “São suas vísceras?” perguntou a diretora. Conta que foi um dos momentos mais emocionantes da sua vida e ela entendeu que o caminho era esse. Embora reprovada no teste, um mês depois, fazia sua estreia no Teatro Augusta.
A emoção toma conta de Thereza ao falar da mãe. Ela considera que a mãe sofre opressão por ser negra. “Recentemente pediram para ela alisar o cabelo. Ela é a única negra entre as colegas de trabalho. Não tenho rancor dessas pessoas, mas não vou deixar que façam o mesmo comigo. Quero que me reconheçam pelo meu trabalho e luto pelos direitos de todos, não importa a cor da pele, o gênero, o sexo…”, afirma.
Com sorriso perfeito e medidas de 1,67 m e 47 quilos, Thereza explica que o seu biotipo não é ideal para ser manequim ou modelo para a publicidade. Faz críticas aos padrões estabelecidos pela publicidade. “Não tenho cabelo black power e nem sou gostosona, tipo Globeleza!” Reclama da pequena quantidade de negros na publicidade brasileira e na televisão em papéis que não sejam de serviçais. “Precisamos reconhecer a beleza e o poder do negro e, felizmente, o Brasil está melhorando nesse sentido”.
Para sobreviver e pagar as contas, Thereza já precisou fazer outros trabalhos enquanto não era chamada como atriz. “Fui vender pulseiras de identificação para shows e eventos.”
Enquanto os convites não apareciam, buscou novos caminhos. Thereza apanhou a câmera que tinha em casa e saiu pela cidade com a seguinte provocação: “O que você tem a dizer?” Inicialmente ela entrevistou apenas negros, jovens e velhos, mulheres e homens. Já fez mais de 30 entrevistas e deve fazer mais algumas. “Quero saber o que essas pessoas têm a dizer e quais são seus sonhos e desejos, além das frustrações.” O projeto vai virar um documentário que ela pretende que esteja pronto no próximo ano.
Um dos entrevistados que mais lhe marcou foi Alex, morador de rua que vivia em uma praça próxima ao BNH da Vila Madalena. “Ele não conversava com quase ninguém. Consegui que ele conversasse comigo, e ele me surpreendeu várias vezes com suas respostas. Certa vez, vendo suas roupas perguntei se aquilo era tudo o que ele tinha, ele respondeu ‘tudo o que tenho está dentro de mim, é o meu cérebro!’ Ele optou por não falar muito e viver isolado, mas sabia de tudo o que acontece no mundo, lia diariamente os jornais”. Hoje, Alex não está mais na praça. Thereza acredita que ele está trabalhando, conforme lhe disse que faria um dia, mas ela não sabe por onde.
Depois das entrevistas, será a vez de editar todo o material. Para essa fase, Thereza pretende recorrer ao financiamento coletivo através do crowdfunding. Com esse dinheiro, ela e o marido pretendem finalizar a produção e fazer a divulgação do documentário que espera possa ser lançado.
Ao mesmo tempo que faz o documentário, Thereza revela, com economia de informações, que tem projetos de teatro para um festival e outro para cinema. “Mas ainda não posso revelar mais do que isso”, faz mistério. Recentemente, fez a produção do curta “Braciolas”, dirigido pelo marido, e participou do curta “O Pacote”, ambos produzidos pela 2 Irmãos, a produtora do André e o irmão, Rodrigo Peirão.
Outro modo de abordar a questão racial, o casal criou no Instagram o blog Black Stage. “Nele divulgamos o trabalho de artistas negros, de todas as artes pelo mundo. Esse trabalho também aumentou minha autoestima e meu modo de me vestir. Deixei as cores neutras que usava por cores fortes, como amarelo e vermelho, que combinam com a minha pele, e descobri os turbantes”, explica.
Com essa garra e determinação que mostra ao defender suas ideias e seus pontos de vista, Thereza Morena certamente será a protagonista de seu destino e de sua carreira de atriz.
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