Vamos falar de política
O título acima encerra um duplo significado. O primeiro deles manifesta nossa intenção de trazer novamente para a pauta das conversas comunitárias as eleições de outubro, para a Prefeitura e para a Câmara de Vereadores.
Para tanto começamos, já em julho, nossa série de encontros com os candidatos a prefeito que despontam com parcela significativa da preferência do eleitorado. A julgar pelo resultado da pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira, serão necessários pelos menos dois encontros mensais nos três meses que nos separam do dia de votação para o primeiro turno.
Além disto, iniciamos contatos com os candidatos a vereador para agendar os cafés da manhã, para que eles falem para nossos convidados de suas experiências e propostas para a cidade, em particular para a região.
A importância destes encontros já se materializou no estreitamente de vínculos entre os eleitos e a comunidade, com resultados no estabelecimento de canais para o encaminhamento e soluções de demandas locais. O segundo sentido reforça a crítica que temos feito, sempre que pertinente, ao posicionamento de entidades que proclamam não fazer política, quando na verdade estão apenas confundindo conceitos e comportamentos afeitos à prática da política partidária. Todos nós devemos falar de fazer política que em essência significa escolhas com propósitos sociais e na defesa de interesses de grupos.
Falar de eleições é fazer escolhas. Portanto, vamos fazer as escolhas certas, deixando de lado interesses pessoais e propósitos escusos.
Ubirajara de Oliveira é diretor da Página Editora, responsável pela publicação do Jornal da Gente.
São Paulo precisa
Estamos em ano eleitoral e é hora de começarmos a pensar em quem votar nas eleições de outubro. Vamos escolher as pessoas que terão influência mais direta em nossas vidas: prefeitos e vereadores. É incrível que muita gente considere importante apenas o presidente da República e os governadores, desdenhando, vamos dizer assim, dos prefeitos e vereadores. Isso decorre dos muitos anos que passamos sob ditaduras, alternadas com arremedos de democracias é certo, mas que tiveram o poder de inculcar na cabeça do povo que o importante é só o governo federal. É fato que, ainda hoje, o poder econômico é muito centralizado em nosso país, mas quem tem a real incumbência de transformar nossas vidas em inferno ou paraíso é o Município. Se temos uma cidade harmônica, limpa, organizada, segura e saudável estamos bem. Se, por outro lado, somos obrigados a viver sob o domínio do medo, sem segurança, sem hospitais decentes, sem escolas de verdade, sem limpeza, sem luz, sem saneamento básico e sem transportes públicos de qualidade, enfim, com os serviços essenciais deficitários, estamos péssimos. E quem resolve isso é a Prefeitura, juntamente com as Câmaras Municipais.
Se tomarmos São Paulo como exemplo, vamos verificar que há muitas crianças precisando de creches públicas (fala-se em 200 mil!) e, portanto, são muitas mulheres sem poder trabalhar por não terem com quem deixar seus filhos. Outro aspecto relevante é que a cidade não tem banheiros públicos. É completamente inadmissível uma megalópole como São Paulo, na qual as pessoas precisam enfrentar diariamente horas no trânsito, não ter banheiro à disposição, depois de passar horas por dia se locomovendo de uma zona para a outra. E quem mais sofre com isso, novamente, são as mulheres. Os homens se viram, quando não encontram banheiro usam um muro, uma árvore, uma escadaria, o chão mesmo, pouco importa para muitos deles se não há banheiro, mas as mulheres não conseguem usar a rua como sanitário. Ninguém deveria fazer isso obviamente, mas a vida das mulheres ainda é pior nesse aspecto.
Assim, se queremos ter um dia-a-dia mais decente, mais tranquilo e compensador, precisamos dar a máxima importância para a escolha de quem vai governar a cidade.
Luiza Nagib Eluf é Advogada e ex-procuradora de justiça do Ministério Público de São Paulo. É autora de sete livros, dentre os quais “A paixão no banco dos réus”, sobre crimes passionais.