A proposta do espetáculo “Antes de Mim no Fundo”, em cartaz no Teatro Cacilda Becker, com apresentações gratuitas, de 20 a 30/11, de quinta a sábado às 21 horas e domingo às 19 horas, é fazer uma profunda reflexão sobre o papel feminino na sociedade a partir da conexão entre mulheres de diferentes gerações.
A peça explora a conexão entre gerações de mulheres de uma família, entrelaçando suas histórias e segredos. Uma das obras do livro “Trilogia das Águas”, que reúne textos de Schitini sobre diferentes temas do universo feminino, a trama cona a história de uma mulher que passou por um afogamento misterioso e está em coma tem a possibilidade de se encontrar com sua irmã, mãe, avó, bisavó e tataravó, que revelam para ela uma série de segredos familiares, oferecendo à protagonista uma nova perspectiva sobre os traumas e padrões que moldaram sua vida. Cada figura feminina traz à tona suas próprias experiências, revelando a luta contra a opressão e os desafios enfrentados ao longo do tempo.
Idealizado por Laís Marques e Daniela Schitini, o roteiro parte de uma atmosfera onírica, entre o sonho, o delírio e a realidade, explorando as relações entre presente, passado e futuro das mulheres de uma mesma família, provocando uma reflexão sobre o feminino, a relação com o masculino, a ancestralidade e memória. A ideia é discutir os papéis sociais desempenhados pelas mulheres na sociedade ao longo do tempo, constantemente confrontadas por padrões sociais opressivos.
O trabalho propõe um mergulho profundo nas questões de identidade, herança e a importância da sororidade, convidando espectadoras e espectadores a refletirem sobre suas próprias histórias e a força coletiva que emerge da vivência feminina. É uma celebração das conquistas e lutas das mulheres, oferecendo um espaço de cura e autodescoberta. A narrativa é sensível e delicada, destacando a importância da memória e da ancestralidade na formação da identidade individual e coletiva.
Outra característica marcante do espetáculo é a escolha de uma só atriz – Mariana Muniz, para encarnar todas as ancestrais que visitam a protagonista em suas visões. Isso serve para representar como as personagens são diferenciadas, mas suas identidades se entrelaçam, evocando uma sensação de espelhamento reminiscente dos filmes de Ingmar Bergman, como “Persona” e “Gritos e Sussurros”. Essa brincadeira de luz e sombra cria uma atmosfera caleidoscópica, permitindo que as personagens reflitam umas nas outras.
O Teatro Cacilda Becker fica na Rua Tito, 295, na Vila Romana.
























