“Uma Casa de Boneca”, peça teatral de Henrik Ibsen (1828-1906), ganha nova encenação em São Paulo com foco nas interseções entre gênero, raça e classe. A montagem imersiva estreia na sexta-feira, 20, às 20h, na Casaurora, espaço cultural independente localizado no bairro do Sumaré. A temporada gratuita e inclui ações formativas e bate-papos com o público.
Encenada em uma casa real, a peça convida o público a ocupar os cômodos, criando uma experiência intimista e provocadora. A proximidade entre espectadores e personagens torna a narrativa ainda mais impactante, especialmente em momentos de tensão, brigas ou silêncio.
A nova adaptação amplia a crítica original ao patriarcado do século XIX ao incorporar outras formas de opressão contemporâneas: o racismo estrutural, a invisibilização de corpos fora dos padrões normativos e os limites da liberdade feminina em diferentes contextos sociais. A leitura de Nora Helmer (Livia Camargo) é atravessada por sua condição de mulher branca em contraste com outros corpos em cena; Cristina (Paula Aviles), mulher racializada; Krogstad (Edinho Duavy), homem negro; e Torvald Helmer (Gustavo Vaz), que encarna não apenas o privilégio de gênero, mas também o racial.
“Encenar a peça dentro de uma casa real contribui para aprofundar a experiência do público. É como na vida: se você está posicionado de um jeito, entende uma coisa; de outro, entende diferente”, afirma a diretora Georgette Fadel, que destaca como a movimentação pelos cômodos, os ruídos reais da casa e a proximidade física com os atores criam uma tensão particular, transformando o espectador em quase um voyeur da intimidade daquela família.
De 20 de junho a 27 de julho, às sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h.
Sessões vespertinas: Dias 19 e 26 de julho, sábados, às 17h30. A Casaurora fica na
Rua Plínio de Morais, 401, Sumaré.