Ongueiro da Vila Madalena carrega tocha olímpica para chamar a atenção sobre a causa animal.
A casinha verde na Rua Harmonia, coração da Vila Madalena, esconde um segredo: ali funciona uma das entidades de proteção aos animais com atividade mais intensa no país. Fundada há mais de 20 anos, a ARCA Brasil já se envolveu nas mais diversas frentes: devolveu golfinho para a natureza, combateu o uso animais em circos, promoveu os primeiros mutirões de castração de animais carentes no país, apresentou para a comunidade científica brasileira as opções de substituição de cobaias vivas por modelos artificiais em testes e aulas de anatomia…
E a ONG segue fazendo um trabalho sério, sobretudo de bastidores: hoje, seu moinho de vento é a leishmaniose, doença que avança pelos centros urbanos brasileiros, fazendo vítimas humanas e animais — vale lembrar que a Leishmaniose Visceral Canina, ou simplesmente LVC, também é transmitida por um mosquito, o “cangalhinha” ou mosquito-palha, muito comum em MInas Gerais, na região Centro Oeste e no Noroeste paulista.
“Temos que conter o avanço da doença, e isso só se faz com prevenção. Mas a prevenção só existe se a população estiver consciente”, avalia Marco Ciampi, presidente da entidade — e que praticamente carrega sozinho o piano no dia a dia da ONG, que conta com equipe enxuta, mas realiza um trabalho cem por cento profissional.
Para dar visibilidade à causa animal, esse paulistano aceitou a missão de carregar a tocha olímpica. E, no dia 18 de maio, lá em Serra (ES), ele teve seu “momento olímpico” — mais do que merecido por quem, no dia a dia, salta os mais diversos obstáculos para se fazer ouvir pelo poder público, pela imprensa e pela sociedade como um todo: “Esta foi uma oportunidade valiosa para celebrar os animais e chamar atenção para a nossa causa”, explica Ciampi.
“O mundo está olhando para o Brasil, a gente não pode perder a chance de fazer a nossa fauna receber a atenção que merece”, concluiu.
De volta à casa da Vila Madalena, o presidente da ARCA Brasil quer dar o máximo de visibilidade para o trabalho educativo que a entidade desenvolveu como colaboradora técnica da Rio 2016. “Preparamos aulas sobre a fauna brasileira, que serão utilizadas nas escolas públicas e particulares de todo o país”, ele explica. “O acesso à educação pode transformar um povo, e nós acreditamos que o Brasil precisa criar uma cultura efetiva de respeito à natureza, à fauna, à vida. Nós apostamos nisso e seguimos trabalhando, sempre incansáveis”.
Respeito à vida, à fauna, à natureza: realmente, este é um recorde que todas as pessoas podem (e devem) bater.