“Parque Industrial”, peça inspirada em romance de Pagu, está em cartaz no Cacilda Becker

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Espetáculo encenado só por mulheres, “Parque Industrial”, inspirado no romance de Pagu, denuncia as condições precárias das trabalhadoras da década de 1930. Ao embarcar nessa obra quase um século depois, onze mulheres refletem sobre os desafios políticos e sociais enfrentados ainda hoje em batalhas contra praticamente as mesmas opressões e desigualdades. A peça está em cartaz no Teatro Cacilda Becker (Rua Tito, 295 – Lapa), até 20 de abril, de quarta a sábado às 20h30 e domingo às 19 horas, com entrada gratuita.

Dirigido e adaptado por Gilka Verana, a peça atualiza a situação feminina em temas já abordados pela escritora e militante política há quase 90 anos: o machismo, a exploração da mulher, o assédio sexual no trabalho, a violência doméstica, a desigualdade de classe e gênero, o racismo estrutural. “São pautas hoje amplamente discutidas, mas que já estavam em ebulição na época e foram apontadas por Pagu a partir de um ponto de vista feminino e feminista.”, ressalta Gilka.

A diretora conta que a peça lida com as questões políticas e sociais do romance proletário de Pagu, mas também com a materialidade poética de sua escrita. No romance, Pagu faz denúncias sobre a situação feminina em diferentes classes sociais, tanto no ambiente social quanto no privado. Pagu critica também a feminilidade que performa para agradar ao patriarcado e o feminismo elitista. “Ela não apazigua. Ela nos faz confrontar e nos apropriarmos dessa discussão ao mesmo tempo que abre os caminhos para refletirmos sobre nossa condição atual enquanto mulheres, trabalhadoras e artistas”, revela a diretora.

Diferentemente do livro, que conta com três principais protagonistas, a peça traz onze mulheres em cena, todas com destaques, com linhas narrativas que se constroem e dissipam. Sem a presença de homens, as personagens masculinas são representadas de diferentes formas: um manequim, máscaras, vozes em off, leituras das falas dos homens feitas pelas atrizes.

“Esse olhar vivo em relação ao seu próprio tempo define a importância do resgate dessa obra, principalmente ao constatarmos que se tratam de desafios sociais enfrentados ainda hoje em batalhas contra praticamente as mesmas opressões e desigualdades”, diz a diretora.

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