Essa semana estreou a peça “Onde Vivem os Bárbaros”, do Coletivo Labirinto, no Sesc Pompeia, que ficará em cartaz até o dia 14 de outubro. A trama conta a história de três primos que se reencontram depois de vários anos sem se ver. O anfitrião, que é diretor de uma ONG reconhecida, revela estar envolvido em um estranho assassinato, fato que desencadeia manifestações de violência entre os convidados. O encontro familiar torna-se cada vez mais terrível com o aparecimento de personagens que vão agravar as ideias que cada um construiu.
A peça-filme em seu formato original se dividia em duas partes, o prólogo que se passava na Grécia do século 5 a.C., época conhecida como o berço da civilização ocidental e do pensamento democrático, e a segunda que passava-se no Chile, em 2015, com reflexões sobre essa mesma democracia, apontando alguma noção de decolonialidade. “Agora, estamos acrescentando um terceiro bloco, o do Brasil em 2022. Nosso espetáculo estará em cartaz no período exato das eleições presidenciais e parlamentares, que acontecem sob um terrível fantasma de ameaça às instituições democráticas e à liberdade do pensamento dissonante. E essas ameaças ocorrem justamente em favor de uma ordem colonialista e repressora. Trazer algo desse momento para essa nossa ágora cênica e demarcar território sobre esses pontos nos parece fundamental para o momento”, explica o diretor Wallyson Mota.
Escrita no Chile, a peça apresenta uma ampla base de reflexão para traços determinantes de nosso percurso social, tais como a normalização e a validação da violência dentro de contextos supostamente democráticos. O texto traz ainda uma oportuna reflexão sobre o arquétipo do bárbaro, aquele que não é cidadão, que está à margem, fora das premissas civilizatórias. “Queremos falar sobre o entendimento total da importância da democracia e da constatação de que ela só existe de fato quando as mais diversas pessoas (seja pelo recorte de classe, raça ou gênero) podem usufruir de suas benesses e interferir no seu funcionamento. A democracia de fato só existe quando ela é praticada por todos os setores da sociedade. Por isso, ela é um exercício coletivo e público, que deve ser praticado e desenvolvido a todo instante, para que não deixe de existir”, afirma Mota.
As apresentações acontecem de terça a sexta-feira, às 20h30, e no feriado de 12 de outubro às 17h30. Os ingressos custam entre R$ 9 e R$ 30 e podem ser adquiridos no site (sescsp.org.br). O Sesc Pompeia fica na Rua Clélia, 93.