Protesto pede preservação do pátio de compostagem da Lapa

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Moradores e membros do Cades (Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz) da Lapa realizaram na sexta-feira (3) um manifesto para pedir a manutenção do pátio de compostagem da Lapa. A estrutura foi pioneira na cidade e recebe resíduos orgânicos de 48 feiras da Lapa e Pinheiros que são reciclados ao invés de serem encaminhados para aterros sanitários. O terreno onde funciona o pátio tem previsão de receber moradias da PPP da habitação.

Victor Argentino, membro da Campanha São Paulo Composta, Cultiva, coordenada pelo Instituto Pólis, falou da importância do trabalho desenvolvido na região. “O Pátio da Lapa foi o primeiro em uma área urbana e serviu para quebrar mitos de que não dá para fazer compostagem na cidade. Uma iniciativa que foi replicada em outros municípios e hoje temos cinco unidades na cidade. São Paulo gera 15 mil toneladas de resíduos por dia, sendo que 8 mil toneladas são de resíduos orgânicos. Os aterros têm uma vida útil de sete a dez anos e se conseguirmos reciclar todo o resíduo orgânico da cidade poderíamos aumentar duas vezes essa vida útil, além de reduzir a emissão de gases do efeito estufa do transporte que leva os resíduos para os aterros”, explicou.

A Campanha São Paulo Composta Cultiva enviou uma proposta ao Programa de Metas 2021-2024 e Plano Plurianual 2022-2025 alertando que São Paulo tem avançado na compostagem de resíduos orgânicos a passos muito lentos, sem conseguir cumprir o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, e que em 2024 haverá a renovação do contrato de concessão da coleta de resíduos domésticos, sendo necessário garantir que exista a coleta de resíduos em três tipos: recicláveis, orgânicos compostáveis e rejeitos.

 

Para Lara Freitas, conselheira do Cades Lapa, toda a cidade ganha com o pátio. “A gente não pode ficar sem esse serviço essencial nem um dia. É um serviço público que trata resíduos orgânicos desviando-os dos aterros sanitários e isso é muito importante para a recuperação do solo, para as praças e outras subprefeituras. O serviço já está instalado, funcionando em uma área de 3 mil m² que até pode ser pequena mas presta um grande serviço para a cidade e para a Lapa”, disse.

Durante a manifestação, foi mencionado que a estimativa do custo de transferência do pátio seria de R$ 2 milhões, além de R$ 60 mil para conseguir a certificação de funcionamento. O também membro do Cades Lapa, Eduardo Mello, afirma que os conselheiro não foram consultados durante o processo. “Fomos pegos de surpresa com essa questão na reunião do Cades. Esse pátio é muito importante e não tem custo já que está em um terreno próprio da Prefeitura. O composto orgânico é utilizado nas praças. A prefeitura cedeu o terreno sem ter outra opção e aqui já é licenciado pela Cetesb. Será muito difícil encontrar no território um terreno desse porte com o potencial de se ser licenciado”, afirmou.

Durante a semana, a subprefeita Fernanda Galdino se reuniu com representantes da Amlurb, da COHAB e da SP Regula. Em nota, a Subprefeitura Lapa informa que está ciente da situação, que apoia a existência do Pátio de Compostagem da Lapa e que todos os esforços para manter sua preservação estão sendo tomados.

Em 2019, a Amlurb realizou o 1º Encontro de Práticas de Compostagem da Cidade de São Paulo, junto com a Secretaria Municipal das Subprefeituras. No evento, o presidente da Amlurb Edson Tomaz de Lima Filho falou do potencial desse tipo de iniciativa. “Na hora que os pátios fecharem as contas e apresentarmos os números provando seu potencial, vai ter investimento e empreendedores interessados. Nosso desafio é trazer São Paulo para o século 21 no tratamento de resíduos”, declarou. Segundo o presidente da Amlurb, em São Paulo 40% dos materiais podem ser reciclados, mas só 7% são.

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