O Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo ficou lotado para a audiência devolutiva do texto substitutivo ao Projeto de Lei do Zoneamento realizada pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal para a Zona Oeste e Central, na noite de quarta-feira, 2. O relator, vereador Paulo Frange apresentou as demandas incorporadas ao texto substitutivo ao Projeto de Lei (PL 272/2015 de parcelamento, uso e ocupação do solo na cidade de São Paulo).
A preservação das ZER (Zonas Exclusivamente Residenciais) e alteração da denominação de ZEU (Zona Eixo de Estruturação Urbana) estavam entre as principais discussões junto a Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente das subprefeituras de Butantã, Lapa, Pinheiros e Sé. A ZEU da região da Vila Madalena (com cerca de 600 metros no entorno da estação do metrô), que inclui a Vila Anglo, foi um dos pontos polêmicos da devolutiva. Isabela Bensenor, do Movimento de Preservação do Sumarezinho, Vila Madalena e Movimento Amigos da Vila Anglo (MAVA) e Jardim Vera Cruz e Maria Ismeria Nogueira Santos, da MAVA, pediram a revisão do perímetro da ZEU para não impactar ainda mais o trânsito e preservar a história local e a qualidade de vida dos moradores da região. “Queremos a redução do limite da ZEU da Vila Madalena, não basta a redução de gabarito dos prédios (para 28 metros) nas ruas com menos de 12 metros e nas áreas de grande declividade”, disse Isabela. “Quem vai nos proteger das construtoras que chegam demolindo, destruindo tudo e não sobra nada, não sobra rua e não sobra bairro. Enquanto vocês tratarem as ZEUs em volta de cada estação do Metrô do mesmo jeito em toda Cidade, vocês vão matar muitos bairros”, disse Isabela. Maria Ismeria questionou: quem será beneficiado? O capital, as empreiteiras ou nós moradores?
O vereador José Police Neto alertou que é preciso cuidado com a questão das ZEUs. “Agora a gente não tem mais os estoques para modular o território como é o caso do bairro de Vila Madalena, que compõe o distrito de Pinheiros (e inclui a Vila Anglo, na Pompeia). O risco que se corre é que dos 820 mil metros se for feito no coeficiente 4 de aproveitamento, sem gabarito, vamos ter uma ilha de Manhattan, onde teve até outro momento casarios de, no máximo, sobradinhos de dois pavimentos”, disse o Police. “Se a gente não tiver um cuidado muito grande com essa questão da ZEU, a gente corre o risco de degradar aquilo que a Cidade tem de melhor, que é um pouquinho desses ambientes bucólicos que os vizinhos ainda se conhecem”, conclui o vereador do PSD. A audiência terminou no início da madrugada do dia 3.