Já tinha revelado aqui mesmo neste espaço, a minha estranheza com este momento que o país atravessa. Mas não tive a visão clara da situação que hoje tenho. O pior é que os sinais foram dados, tanto no âmbito geral quanto no meu entorno. A verdade retratada na mídia com os casos de corrupção e a avassaladora crise econômica, sem dúvida, pesam muito sobre nossas cabeças. Não há como não sentir o ânimo atingido. Porém, além do desânimo, um comportamento extra ordinário (assim mesmo, separado) se espalhou entre nós.
Observo meu círculo de amizade. O mais adepto das lides tecnológicas, o Pinerão, rompeu com tudo e foi pra praia. O Edmundo abandonou o realismo socialista e enveredou na investigação do Zé Pelintra. O reverendo Matos deixou o mundo fantástico para dedicar-se a jogar nas mega- -senas da vida. No plano nacional, o Cunha representa o expoente máximo deste momento. Não só pelo direitismo, mas sobre o fenômeno que quero descrever.
Certa vez, indo para o foro social de Porto Alegre, peguei um táxi e perguntei ao motorista como estavam as coisas, e respondendo em gauchês disse: “Se tu me disseres que só tem ladrão, eu digo não. Se tu me disseres que a ignorância campeia, também não. Mas tá é muito chato.” Essa conversa foi muito esclarecedora, ou o Cunha não é antes de tudo um chato. A chatice invadiu a nossa praia. Do micro ao macro. Em todos os quadrantes estamos assolados por essa epidemia.
Então, como a Vila vanguardeia sempre, estamos convocando todos para resistir à chatice ululante dos nossos dias. Ehh, tempo chato. Só uma grande frente com o nome de “Operação lava chato” para banir das nossas relações essa zica. E é na Feira da Vila a primeira concentração.
José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena